21/07/2009

A “lunática” conspiração lunática

A tese absurda de que a chegada do homem à Lua foi uma montagem põe a Nasa pela primeira vez na defensiva.

lua1A Nasa envolveu-se num imbróglio na semana passada, ao anunciar seu patrocínio a uma cartilha sobre a conquista da Lua - e desistir da iniciativa 24 horas depois, acabrunhada. O livro, encomendado ao escritor James Oberg, tinha o objetivo de refutar a velha teoria conspiratória segundo a qual o homem jamais chegou lá e o governo americano enganou o mundo com um amontoado de montagens fotográficas. A tese é antiga, mas vem ganhando nova força nos últimos anos. Bem-intencionada, a Nasa decidiu contestar a nova maré de boatos por meio da cartilha. Logo percebeu que caíra numa cilada. Só teria a perder com manchetes do tipo: 'Nasa prova que a conquista da Lua não foi uma fraude'. 'A agência conferiu importância a argumentos que, de tão esdrúxulos e absurdos, não mereciam sequer ser considerados', diz o astrônomo americano Phil Plait. Inconformado, James Oberg declarou que vai escrever o livro assim mesmo. 'Será voltado a professores e estudantes, que precisam se vacinar contra esses pescadores de águas turvas', afirma. 

Quando Neil Armstrong pôs os pés na Lua, em julho de 1969, muitos terráqueos duvidaram da proeza. O ceticismo reunia desde fanáticos das teorias conspiratórias até pessoas humildes que não podiam compreender de que forma o avanço da ciência tornara possível esse feito. Recentemente, a tribo ganhou uma nova geração de adeptos, impulsionada por uma coleção de sites na internet e documentários que divulgam supostas evidências de fraude.

É comum que fatos históricos suscitem interpretações mirabolantes. 'Os boatos, mesmo os mais absurdos, cativam as pessoas porque ajudam a tornar a vida menos entediante e previsível', explica o inglês David Whitehouse, autor de um livro sobre a conquista da Lua. 'Mas seria útil publicar um trabalho refutando essas bobagens. Nossa juventude precisa aprender a distinguir a boa ciência desse lixo que duvida de um dos maiores feitos da humanidade com a mesma desfaçatez com que acredita em discos-voadores e extraterrestres', diz.

O governo americano gastou US$ 25 bilhões para mandar 12 astronautas à Lua entre os anos 1969 e 1972. O vôo pioneiro da Apollo 11 foi testemunhado ao vivo por 600 milhões de terráqueos embevecidos. Boa parte da população atual do planeta não era nascida na ocasião e pode engrossar as fileiras dos incrédulos.

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DÚVIDAS DISSIPADAS
Como a Nasa refuta as alegações de que imagens do homem na Lua são truques fotográficos

SOMBRAS DESIGUAIS
A lenda
Se havia uma única fonte de luz, como se explica que as sombras dos astronautas Buzz Aldrin e Neil Armstrong, os pioneiros da Apollo 11, tenham comprimentos diferentes?

A explicação
A distorção é causada pela topografia do solo lunar. Atrás dos dois astronautas, há uma elevação. O astronauta que estava mais perto dela ficou com a sombra mais curta



BANDEIRA TREMULANDO
A lenda
A bandeira americana não poderia tremular num ambiente sem atmosfera. O efeito seria provocado pelo ar-condicionado do estúdio em que a foto foi forjada
A explicação
A bandeira não está tremulando. Está enrugada, pois chegou à Lua dobrada num pacote. Imagens de vídeo mostram que a bandeira, apesar da aparente ondulação, está imóvel


PEDRA GRAVADA

A lenda
Há duas versões da foto em que aparece uma pedra na Lua: uma exibe a marca 'C' e a outra é lisa. Seria a prova de que a Nasa manipulou as fotos atribuídas à superfície lunar
A explicação
Uma investigação feita no acervo da Nasa mostra que a foto original não tem o sinal. O 'C' provavelmente é uma marca de sujeira numa das cópias da imagem


PNEUS SEM RASTRO
A lenda
A foto mostra a roda do jipe usado pelos astronautas da Apollo 17 - mas não exibe nenhuma marca do pneu no solo lunar, num sinal de que o passeio do jipe nunca aconteceu
A explicação
A ausência de rastros tem várias explicações: dos passos dos astronautas ao redor do jipe (ele estava parado por um bom tempo quando a foto foi feita) até a baixa gravidade, que torna o carro mais leve

A SAUDAÇÃO DE YOUNG
A lenda
Nesta foto, não há sombra do astronauta John Young, o comandante da Apollo 16, embora o módulo lunar, atrás dele, projete sua imagem no solo. Outras fotos dessa série mostram a sombra de Young
A explicação
Esta é das mais fáceis de explicar. Young está saudando a bandeira dando um salto no ar. Longe do chão, sua sombra descolou-se do corpo e projetou-se no ambiente ao lado, fora da foto

PÉ NA LUA
A lenda
A marca da bota do astronauta Buzz Aldrin é profunda demais para um passo furtivo num ambiente de pouca gravidade. Também projeta sombras desiguais. Parece a fotografia de um molde de argila
A explicação
O passo não foi furtivo: o astronauta fincou com força sua bota no solo irregular. Sua missão era observar a interação de seu pé com a superfície lunar - e registrar o resultado numa foto

 

roportagem na íntegra: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR53751-6014,00.html

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