27/03/2012

Assim seria se não chovesse

6a00d83451cc7469e200e54f507edb8833-800wiEra simples a forma como deveria acontecer.
Eu estaria ali parado naquela agradável tarde de outono; meus olhos mirariam o horizonte; meu coração se aqueceria com os últimos raios solares; meus lábios seriam umedecidos ligeiramente e eu ficaria assim por algum tempo. Pensaria em tudo que havia acontecido nos últimos dias; recordaria todos meus momentos de lembranças e sentimentalismo. Choraria ouvindo aquela música que marcou parte dos nossos momentos. Agora ela parecia muito mais bonita e melancólica do que já a considerei. Os acordes românticos me trariam seus sorrisos, seus carinhos e seu amor. Eu ficaria nostálgico deixando meu corpo esmorecer recostado àquela frondosa árvore, onde nossos nomes estavam escritos dentro de um coração.
Talvez uma lágrima grossa e sentida devesse ser derramada em manifestação de saudade ou respeito pelo valor de tudo que aconteceu entre nós.
Talvez poderiam ser várias lágrimas compulsivas para mostrar o quanto era forte e verdadeiro, mas isto acabaria com a poesia e se transformaria em uma lamentação. Deveria conter os soluços, engolir a solidão e abrir o meu coração apenas para o que de bom estava ali comigo naquele instante.
Somente as juras e rimas que conduziram meu coração àquela entrega absoluta, perfeita. Então eu sorriria e me lembraria da forma doce como você me chamava, do brilho nos olhos quando me olhava pela manhã, da paixão com que me beijava durante a noite, do ardor com que me possuía pela madrugada...  um riso permanente, muito mais doce que engraçado.
Por um segundo, mesmo que não devesse, eu lhe desejaria ali, ao meu lado, trocando confidências sobre nós, como amigo ou como amante. Sonharia de olhos abertos com você me tomando pelos braços e conduzindo outra vez aquela dança, rostos colados, respiração próxima ao ouvido, como se a qualquer momento fossemos trocar confidências. As mãos abraçando minha cintura, levando meu corpo junto ao seu, me transmitindo a segurança do que sentia.
Assim seria.
Porém naquela tarde chovia muito e não pude me lembrar das coisas boas, o céu nublado tornava meu coração introvertido e as gotas de chuva chamavam as minhas lágrimas. Sentei-me na beira da cama, onde outrora vivemos momentos mágicos, sufoquei minha lamentação com o travesseiro e deixei que a tempestade da minha alma caísse. Adeus a poesia e as recordações...

Por: Magno Farias

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